viernes, 12 de abril de 2013

Dois dedos de web


Plugado vivo, atado na rede que me envolve.
Dia-após-dia retorno a essa teia que me emaranha.
Se as Córeias vão se estrepar já é problema meu,
Eu tenho uma placa de rede subcutânea, sou radar.

Meus milhares de amigos sabem tudo de mim.
Como trabalho conectado as redes sociais e
Meu Smartphone publica cada um dos meus passos,
Qualquer um que me investigue um pouco, já sabe muito.

Só que meus amigos não são mais aqueles do bairro,
Nem aqueles que iam comigo na vendinha da esquina.
Os que comentam minhas publicações são 1700,
Logo terei mais amigos que o Rei Roberto Carlos.

Que bobagem seria  me ausentar do facebook.
Um viajante que tem contatos pelo mundo afora,
Um cigano das paisagens não tem vida fora da web.
Assisto a Deus e ao Diabo na terra dos bytes.

Muitas vezes exagero na dosagem,
Bebo demais do néctar da informação,
Incho a cabeça de estímulos ruidosos,
Perco meu sono no fluxo das sinapses.

Como manter a concentração se de repente
Alguém das filipinas quer manter contato comigo,
Outro no Caminho de Santiago me marca na foto,
Ou recebo um email marketing da Conchinchina?

Só no verso, no anscetral, no artístico, me refugio.
Medito sobre mim, me encontro e simplesmente sou.
O poema é minha espiritualidade, meu post transcendental.

Agora já posso, bora tomar mais dois dedos de web...




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